Identidade
Notas de Apoio
– Aniversario de elevação a vila.
– Referencia mais antiga ao novo de um povoamento que aqui e existia encontra-se num cartulário da igreja bracarense conhecido por Liber Fidei. O nome que aí consta é ABONEMAR. Mas isso nao quer dizer que o nome nao tenha existido muito antes de o documento em questao ter sido escrito. Por isso nos devemos orgulhar da antiguidade da nossa terra.
Se tivermos em conta que Portugal como p reino independente só começou a existir em 1128, após D.Afonso Henriques ter derrotado a mãe na Batalha de São Mamede, ficaremos com uma ideia mais exacta de quão antiga é esta terra. O povoamento que entao se desenvoçveu processou-se sob a autoridade de um cavaleiro de nome D.Lourenço Fernandes da Cunha e foi continuado pelos seus descendentes.
– No seculo XIII Aver-o-Mar era propriedade dos militares da ordem do Templo, isto é, dos Templarios. Em documentos dessa época aparece referida como ABELAMAR, nome que alterna com o anteriomente referido ABONEMAR.
– O lugar mais cedo referido é o de Paranho, havendo tambem referencia a uma «povoa», que queria dizer na Idade Média uma pequena povoação e que Monsenhor Manuel Amorim diz ser sem duvida a actual lugar da aldeia, por ele considerado o nucleo primitivo do povoamento. Logo pegado ja havia o lugar do Paço, que é um nome derivado de «palacio», e que era onde se encontrava na casa do senhor da comunidade de então.(cf. Amorim, p16).
– No seculo XV o lugar de Avollamar, mais frequentemente designado Avellomar, ja era o mais populoso de toda a paroquia de Amorim. Por isso se pensa que foi nessa altura que aqui se construiu uma capelinha em honra de NºSº das Neves. [http://www.cm-pvarzim/municipio/juntas-de-freguesia/aver-o-mar]. Em 1551 havia aqui um «clerigo de missa de Nome Francisco Anes. Entre os nomes de moradores que ele
apresentou ao crisma em Vila do Conde havia apelidos de Galante, Pires, Serodio, Andre, Gomes, etc». Muitos dos actuais habitantes desta terra reconhecerão nesses apelidos antepassados seus.
– O aumento do numero de fieis justificou no seculo XVIII a nomeação de um capelão proprio indicado pelas freiras de Santa Clara do Porto, estas ja responsaveis pela paroquia de Amorim, de que Aver-o-Mar fazia parte. Esta subordinação a Amorim, onde se encontrava
a igreja matriz e, especialmente, a distancia a que esta se encontrava do nucleo populacional de Aver-o-Mar levou os nossos antepassados a pensarem em obter autonomia eclesiatica. Não
nos podemos esquecer de que as distancias nessa altura nao se mediam tanto como agora e quilometros. Mediam-se mais pelo tempo que demova a ir de um lugar ao outro. E não é
dificil imaginar-se que os fieis de Aver-o-mar, para irem a missa de domingo é igreja de Amorim, tinham de calcorrear a pé, por maus caminhos e pelos rigores do Inverno, aquilo que
agora se faz de carro em 5 minutos.
– No ultimo quartel de seculo XVIII, Aver-o-mar passou a dispor de uma cura, ainda Dependente da paróquia de Amorim, para assegurar a assitencia religiosa aos avereamorenses. Foi um desses curas,o P.e e Manuel Ferreira ds Neves, natural de Fonte Boa, que mais tempo exerceu essas funções, entre 1821 e 1877. É este Padre Manuel que Gomes de Amorim lebra com tanto carinho em As Duas Fiandeiras. Faleceu em 1877, com 84 anos, numa altura que a vontade de Independecia ja tinha crescido muito. Foi durante o mandato deste bondoso sarcedote que o grupo de moradores requereue obteve a licença para ter na presente capela de NºSº das Neves o Santissimo Sacramento em sacrario construido para o efeito. Um grupo
de lavradores comprometeu-se a custear as despesas com o azeite necessario para alumiar de dia e de noite o santissimo Sacramento. Cito aqui os nomes desses lavradores para que os seus descendentes actuais os registem: Joaquim Gonçalves de Oliveira (Geraldo), Manuel Martins Bouçanova, Manuel Martins Limbado, Francisco Rodrigues Rebello, José Gonçalves Maçães e Joaquim Martins Galante.
– Alguns anos mais tarde foi nomeada uma comissão de obras, constituida por 10 membros com vista à construção de um novo templo. Dela fizeram parte José Gomes de Amorim, que tinha sido nomeado, Francisco Gomes de Barros, Matias Martins Bouça Nova, Luiz Martins Limbado, Manuel Gomes Maio Costa, Manuel Gomes Estela, Domingos Martins Andre, Manuel Gomes Travessas, Fransisco Rodrigues Rebelo e Manuel Gomes Novo. O Objectivo era a construção de um nov templo que haveria de ser inaugurado em 25 de Novembro de 1883. Em 1890 foi criada a Confraria da nossa Senhora das Neves, que passou a ser a entidade responsavel pela administração da Igreja.
– Tudo apontava para que em breve a desejada autonomia estava a chegar, mas os nossos empenhados antepassados tiveram de esperar ainda alguns anos. Com efeito, só em 16 de janeiro de 1922, o arcebispo der Braga, D. Manuel Vieira de Matos ergueu Aver-o-Mar à categoria de paróquia independente. Alguns meses mais tarde, em 10 de Agosto do mesmo ano, nossa terra é administrativamente desmembrada da freguesia de Amorim, como o estabelecimento dos repectivos limites. É curioso o que nessa altura se passou relativamente a algumas casas do lugar das Sencadas. Algumas familias optaram por continuar a pertencer a Amorim e outras escolheram Aver-o-Mar.
– Em breves palavras são estes os factos mais marcantes da nossa historia, mas eu queria ainda deixar uma nota sobre os nomes que tem sido usados no decurso dos dois últimos séculos. Chamo a atenção para as mudanças que o nome da nossa terra sofreu ao longo dos séculos: Abonemar, Abollamar, Abellomar, Avenomar, Avelomar, Averomar, Avermar, Abremar. Em minha opinião, que não pesa absolutamente nada para o efeito, era este último o nome que oficialmente se deveria consagrar por ser aquele que as gentes mais usavam e muitas, presumo eu, ainda usam. As linguas e os nomes que designam as coisas são construidas pelo uso dos falantes e não pelas regras ditadas pelos eruditos. Acresce que, tanto quanto me é dado conhecer, não ha provas documentais que asseguram, sem deixar margem para dúvidas, que Aver-o-Mar é que é a forma correcta. Francisco Gomes de Amorim, sem dúvida a personalidade mais marcante que a nossa terra viu nascer para o mundo das coisas culturais, usava o nome Avellomar. Tanto Aver-o-Mar como Avellomar são nomes bonitos que nos fazem pensar imediatamente na situação geografica e a sua proximidade do oceano. Daqui vê-se o mar. Mas será essa a razão do nome? Há que diga que não, considero que a origem será o nome de um senhor primitivo possuidor destas terras em tempos muitos antigos. Abonemar, o nome mais antigo que conhecemos pode ser mesmo de origem germânica ou árabe, e nada tendo a ver com a proximidade do mar. Seja como for, oficialmente nascemos em Aver-o-Mar, aqui respiramos este abençoado ar salgado, abrimos os olhos para o oceano imenso e para os campos verdes, aqui viveram bem ou mal, sofrendo e gozando, aqueles de quem descendemos e de quem nos devemos sentir honrados de descender.
Apelo aos Jovens
O que acabo de apresentar, de forma muito sintética, sobre a historia da nossa terra já esta estudado e escrito, mas ha muito que se poderia escrever e que ninguém ainda fez. Refiro à historia mais recente protagonizadas por gerações de homens e mulheres que marcaram, de forma mais ou menos profunda, o evoluir da nossa terra, Posso lembrar nomes como os de Manuel Flores (Bomba), um homem muito respeitado e influente, especialmente na parte de baixo da freguesia, que aparecia sempre á frente nas iniciativas mais importantes: nos cortejos de oferendas ao Hospital da Misericórdia, nas acções politicas dos anos 50 e 60 do século passado, a par de Alberto Maçães, Avelino do Monte e muitos outros. Os praticantes de algumas profissões, como Odilon Paranho e um Sousa, cujo primeiro nome não me ocorre, verdadeiros artistas na construção de Caniças para os carros de Bovinos. As figuras marginais como Chapa, um desgraçado poveiro que vivia da caridade e era acolhido na casa do Tio Galante, num coberto Humilde. Dizia o Chapa que nao lhe faltava onde dormir, o que precisava era de ter sono. O Zé das Chamas, outro Imigrante vindo nao de onde, que sobrevivia como jornaleiro ou mesmo criado
e complementarmente vagueava pelos pinhais à procura de paus para fazer os toletes que vendia aos nossos pescadores. Falando do tio Galante, o regedor dos meus tempos de infância, um homem fisicamente significativamente, mas temido, no bom sentido e respeitado. Os jovens que se metiam em Zaragatas aterrorizavam-se quando eram chamados ao regedor. Lembro-me de lhe ouvir dizer que já não era tão respeitado poruqe lhe custava muito levanatr o pé direito, querendo com isos dizer, que já nao era tão eficas a dar pontapes aos prevaricadores. Era essa, afinal, a única pena que constava ser aplicada por ele.
Mas há outras coisas que precisam de ser recordadas e registadas para que se não percam irrecuperalmente. Estou a pensar nos jogos infantis do meu tempo. Perguntam os jovens hoje aqui presentes aos seus avós, e talvez a alguns dos seus pais, o que representava jogar ao bicho, pago beijinhos do mar, a zocha, a bilharda, o eixo, a mucha, isto no respeitante aos rapazes. Mas as cachopas também tinham os chocos, macaca e talvez outros que, obviamente, me escapam. Falai com os vossos avós e perguntais-lhes como esses jogos praticados. Os papagaios, em Abril, comprados a dois tostões aos especialistas que os faziam de papel de seda às cores. Lembro-me que entre esses especialistas estavas os irmãos soca.
Há, enfim, uma infinidade de coisas do passado que podem ser estudadas. Vamos a isso?